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O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Heitor José Müller, considera positivo o resultado da missão brasileira, liderada pela presidenta Dilma Rousseff, aos Estados Unidos, realizada esta semana. Alguns anúncios feitos por ela e pelo presidente Barack Obama, em Washington, na terça-feira (30), trazem consequências diretas à indústria do País. Müller integrou a delegação, ao lado de ministros como o do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
 
Armando Monteiro Neto; e o da Fazenda, Joaquim Levy. “Foram novamente restabelecidas as negociações com os americanos, que no passado eram nossos principais parceiros comerciais”, destacou o presidente da FIERGS.
Para o Rio Grande do Sul, o presidente da FIERGS vê como fundamental, após 15 anos de restrições, a liberação de carne bovina in natura do Brasil para o mercado americano. A medida se estende a 13 Estados e ao Distrito Federal. Segundo Müller, além do agronegócio, os setores de autopeças e máquinas agrícolas também poderão ganhar, por conta de um câmbio mais favorável às exportações. Entre as medidas acertadas que beneficiarão a indústria brasileira estão a entrada em vigor do Global Entry, a partir do primeiro semestre de 2016, e a assinatura do memorando de cooperação regulatória (ver quadro).
 
Em outra etapa da agenda em território americano, Heitor José Müller participou da 3ª Cúpula Empresarial Brasil-Estados Unidos, realizada em Washington. O encontro promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Câmara de Comércio dos Estados Unidos (U.S. Chamber), pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), reuniu mais de 350 empresários dos dois países para discutir a relação bilateral e novos negócios. “O depoimento de CEOS e executivos de empresas americanas que atuam no Brasil foram favoráveis em relação a investir no País”, disse Müller.
 
A cúpula teve a presença de Dilma Rousseff em seu encerramento. "Minha visita aos Estados Unidos marca a nova etapa na trajetória de relacionamento de nossos países. As oportunidades para que ampliemos esse relacionamento se encontram diante de nós. O Brasil está criando um novo ciclo de crescimento, buscando parcerias e essas possibilidades reforçam a relação entre Brasil e Estados Unidos", declarou. “Os Estados Unidos são, atualmente, o segundo principal parceiro comercial do Brasil. Enquanto não estabelecemos um acordo amplo de comércio, é possível avançarmos em temas específicos que contribuem para o estreitamento de nossa relação”, reforçou o ministro Armando Monteiro Neto.
 
O vice-presidente da CNI, Paulo Tigre, que representou o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, também enfatizou que as relações entre as duas nações são estratégicas para as empresas. “Estamos em um momento essencial para maior aproximação econômica”, observou. A CNI e a Câmara de Comércio dos Estados Unidos se uniram para defender junto aos governos brasileiro e americano o início da negociação de um tratado de livre comércio, de um acordo para evitar a dupla tributação dos investimentos e o fim da exigência de vistos para turistas e empresários. As duas entidades já entregaram o documento com os três pontos aos presidentes Obama e Dilma.
 
Os Estados Unidos detêm o segundo maior estoque de investimentos brasileiros no exterior e lideram o ranking de investimentos diretos no Brasil, com US$ 116 bilhões. Müller apontou que empresas americanas poderão entrar nos leilões de infraestrutura previstos para as concessões anunciadas pelo governo federal, como de aeroportos e portos, por exemplo.
 
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Posição da CNI sobre os pontos acertados
COOPERAÇÃO REGULATÓRIA – A CNI acredita que o Memorando Bilateral de Intenções em Normas Técnicas e Avaliação de Conformidade assinado nesta terça-feira deve contribuir para a uniformização das regras ou para que um país reconheça as regras do outro. Isso eliminará os entraves ao crescimento do fluxo de comércio e de investimentos. 
REGISTRO DE PATENTES – Os dois governos se comprometeram a concluir uma declaração sobre compartilhamento de tarefas entre o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) e o escritório de patente americano para tornar mais eficiente o processo de registro de patentes. A CNI defende que avancem nesse campo e negociem um acordo de Patent Prosecution Highway (PPH) para que um país  utilize os estudos do outro no registro de patentes, o que evitaria a duplicidade de trabalho dos escritórios dos dois países. 
FACILITAÇÃO DE COMÉRCIO – Os dois presidentes reiteraram o apoio à ratificação do Acordo de Facilitação do Comércio na Reunião Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), que estabelece o caminho para uma reforma das práticas aduaneiras globais e o aumento da transparência e da previsibilidade no comércio e na realização de negócios. A CNI defende que o governo brasileiro envie para o Congresso Nacional o pedido de aprovação do acordo. 
GLOBAL ENTRY – Para a CNI, o anúncio de que o Brasil passará a integrar o programa Global Entry até a primeira metade de 2016 representa um importante passo para o fim da exigência de visto, o que facilitará o trânsito de empresários entre os dois países. O Global Entry permite a entrada em território americano sem passar pelas filas de imigração.
ACORDO DE PREVIDÊNCIA – Antiga demanda da indústria, o Acordo de Previdência Social, que permite a soma do tempo de contribuição dos profissionais que trabalham nos dois países, vai gerar uma economia de mais de US$ 900 milhões para as empresas brasileiras e americanas, que deixarão de arcar com a dupla tributação. Atualmente, há mais de 1 milhão de brasileiros trabalhando nos Estados Unidos. O Paraguai é o segundo país com maior volume de brasileiros, com 460 mil.
 
FOTO: Roberto Stuckert Filho/PR
Legenda da Foto: Presidente da FIERGS (E) participou da comitiva que acompanhou Dilma Rousseff aos EUA. Além do encontro com Barack Obama, a programação teve a reunião da Cúpula Empresarial Brasil-Estados Unidos, em Washington, e contou com a presença do presidente da Câmara de Comércio dos Estados Unidos, Thomas J. Donohue (D).
 
 
 
 
Publicado quarta-feira, 1 de Julho de 2015 - 16h16

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