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A crise no mercado interno determinou o baixo desempenho econômico do Brasil em 2014 e fornece os elementos para que se entenda o resultado decepcionante no fechamento do ano, com previsão de 0,1% de alta no Produto Interno Bruto (PIB) do País, 0,2% no do RS, e de uma queda de -1,3% no da indústria nacional. O panorama atual foi influenciado pelo menor espaço para estímulos fiscais, crescimento mais tímido do crédito, aumento nas taxas de juros, menos geração de empregos e inflação alta. Fatores que, somados à realização da Copa do Mundo e ao período eleitoral, contribuíram para que muitas atividades e decisões fossem adiadas, e os investimentos caíssem. “O próximo ano nasce com a marca da estagnação mais acentuada do que foi em 2014. O tratamento está em curso e a expectativa, portanto, é uma retomada de crescimento somente para 2016”, avaliou o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Heitor José Müller, ao apresentar, nesta terça-feira (9), na sede da entidade, o Balanço 2014 e Perspectivas 2015 da Economia. 
 
De acordo com o industrial, 2015 será o ano do recomeço para o País voltar aos trilhos apenas a partir de 2016. Mas, para isso, o governo federal necessita realizar ajustes, principalmente na condução da política econômica. “Infelizmente, não existe mágica que faça tudo acontecer de um dia para o outro. É necessário olhar sempre o conjunto, temos que pensar e agir em relação ao biênio , não só para o ano que vem”, ressaltou Müller. “Corrigir a rota é colocar a indústria no centro do desenvolvimento e do crescimento do País”.
 
Segundo levantamento da Unidade de Estudos Econômicos (UEE) da FIERGS, no cenário base, o mais provável de se concretizar nas previsões de  crescimento para o Brasil em 2015, haverá uma continuidade do processo de estagnação da atividade, e um aumento de PIB para o País de 0,6% e, para o Estado, de 1,3%. “O cenário não traz boas perspectivas para o setor produtivo, os entraves estruturais que restringem o crescimento potencial de longo prazo estarão ainda mais ativos. A situação econômica não demanda apenas a correção de rota, o ajuste precisará ser mais profundo, o Brasil precisa se reinventar”, afirma o economista chefe da FIERGS, André Nunes de Nunes.
 
Ainda de acordo com a UEE, em um cenário econômico superior para 2015, mais otimista, ocorrerá uma leve recuperação no País, com manutenção do ritmo atual de geração de empregos e da taxa de desemprego, além da elevação do PIB nacional em 1,9% e, do gaúcho, em 2,5%. Para uma perspectiva mais pessimista, em um cenário inferior, a expectativa é de -0,3% de crescimento do PIB brasileiro e de -0,2% do gaúcho. Esse cenário pode ser desencadeado por uma crise energética e pela deterioração mais intensa na confiança dos agentes econômicos.
 
Em relação ao Rio Grande do Sul, o presidente da FIERGS sugere que o governador eleito, José Ivo Sartori, trabalhe com parceria-público privadas, como forma de o Estado recuperar a sua capacidade de investimento. Mas o industrial prevê dificuldades para as empresas gaúchas, obrigadas a arcar com mais 16% de reajuste no Salário Mínimo Regional, aprovado pela Assembleia Legislativa. “Somos favoráveis a bons salários, mas que representem um poder aquisitivo real, calculado pelo aumento da produtividade. Não queremos que o Rio Grande do Sul seja um deserto de empresas. Se for assim, não teremos  empregos nem renda. Concorremos com outros 22 Estados brasileiros que não utilizam o Piso Regional”, alerta Müller.
 
Fotos: Dudu Leal 
 
 
 
 
Publicado Terça-feira, 9 de Dezembro de 2014 - 15h15