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FIERGS realiza estudo sobre exportações gaúchas

Maioria dos setores encontra-se em mercados desfavoráveis

Apesar do crescimento de 6% das exportações industriais do Rio Grande do Sul em dólares no ano passado, chegando a US$ 11,7 bilhões, as empresas gaúchas que destinam seus produtos ao mercado externo não estão em boa situação. Estudo exclusivo realizado pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), denominado "A realidade do Comércio Exterior do RS", classificou os principais segmentos da indústria de acordo com os preços de exportação em reais, as quantidades embarcadas e o nível dos preços em relação aos anos anteriores. O resultado deixou evidente a dificuldade que a indústria enfrenta, principalmente devido à valorização cambial ocorrida nos últimos quatro anos, que superou os 30%.

A metodologia do trabalho atribuiu a cada segmento industrial duas classificações. A primeira definiu mercados favoráveis e desfavoráveis às exportações a partir da tendência do preço das vendas em reais dos últimos anos e das quantidades embarcadas ser positiva ou negativa. A segunda avalia o nível de preços atual em relação aos últimos anos e determina a capacidade de manter os preços de exportação em reais, revelando condições para sustentar as vendas externas. Aqueles segmentos que elevaram os preços nos últimos anos, compensando a valorização do Real, por exemplo, foram considerados com margem para manter os negócios.

A maioria dos setores exportadores da indústria do Rio Grande do Sul (77%) encontra-se com mercado desfavorável e com pouca margem, o que representa cerca de US$ 8 bilhões ao ano. Os segmentos assim classificados são: alimentos e bebidas, fumo, têxteis, calçados, borracha, móveis e material elétrico. Neles concentram-se cerca de dois terços da mão-de-obra empregada no Estado. Outro grupo, que reúne 8% do valor da exportação, tais como vestuário, couros, material eletrônico, equipamentos para automação industrial, são de mercados desfavorável e sem margem.

Na fatia de mercados mais favoráveis e com alguma margem para sustentar as vendas externas, encontram-se segmentos que representam apenas 2% do total exportado pelo Estado, como refino de petróleo, plásticos e alguns equipamentos de transporte específicos. Somente o setor de indústrias químicas ficou na classificação de desfavorável e com margem, representando aproximadamente 13% do valor exportado.

A análise da "Realidade do Comércio Exterior do Rio Grande do Sul" confirma que a situação das empresas exportadoras no Estado é pior do que a do Brasil. No grupo das empresas exportadoras com mercado desfavorável com pouca ou nenhuma margem de sustentação, o índice nacional ficou em 52%, contra o 85% das empresas gaúchas. De acordo com o presidente da FIERGS, Paulo Tigre, a indústria gaúcha vem se ajustando aos poucos ao patamar mais valorizado do câmbio, contudo, a situação do Estado é muito inferior daquela verificada pela indústria brasileira. "Por isso, os governos Estadual e Federal precisam adotar medidas capazes de amenizar esta assimetria que tem origem nas características locais de intensidade de mão-de-obra e de concorrência com o mercado chinês", afirma o industrial.

A partir do trabalho realizado, a FIERGS parte agora para definir as ações que devem ser implementadas para reverter ou amenizar o cenário atual das exportações. As providências passam por articulação com governos Estadual e Federal e orientação aos empreendedores. Entre os itens presentes na pauta de trabalho estão o incentivo à realização de acordos comerciais bilaterais com novos mercados, integração das aduanas nas fronteiras e o pagamento em Real das exportações aos países do Mercosul, articulação entre empresas para contratação conjunta de serviços como de logística e de aquisição de insumos e matérias-primas, maior ressarcimento de créditos de ICMS aos exportadores e investimentos para garantir maior eficiência dos portos de Rio Grande e de Porto Alegre.

Publicado segunda-feira, 5 de Fevereiro de 2007 - 0h00