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A geração de energia pelos próprios consumidores residenciais, comerciais ou industriais, é uma tendência cada vez mais crescente. Os números da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) comprovam isso. Ao ser fundada, há apenas dois anos, a entidade tinha 14 empresas associadas. Hoje, já são 350. A evolução deste mercado foi debatida nesta terça-feira (15), durante o I Fórum de Geração Distribuída de Energia com Fontes Renováveis no RS – Tecnologia e Inovação, na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS).


O número de conexões de geração distribuída de energia deu um salto no Brasil. Eram 5 mil no ano passado e passaram dos 7,6 mil em janeiro de 2017, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A previsão da Aneel é que até o final do ano sejam aproximadamente 27 mil. A fonte solar fotovoltaica é a mais utilizada, acima de 70% dos casos, à frente da eólica, biomassa, hídrica e biogás. “Primeiramente, para a importância da mão de obra e a geração de empregos no País, seria interessante que várias empresas investissem na geração distribuída. A segunda grande vantagem é a energia mais barata, a diminuição do valor da fatura, uma vez que vou produzir e consumir minha própria energia. A parte ambiental é o terceiro fator, pois colaboramos para a sustentabilidade no planeta, reduzindo a emissão de CO2 na atmosfera e contribuindo com energias renováveis sem dejetos”, diz o presidente da ABGD, Carlos Evangelista, que apresentou a palestra Panorama sobre a Geração Descentralizada com Fontes Renováveis no Brasil.

O diretor da FIERGS e coordenador do Grupo Temático de Energia do Conselho de Infraestrutura (Coinfra) da instituição, Edilson Luiz Deitos, enfatizou que o interesse pelo Fórum, com a participação de mais de 400 pessoas, comprova e antecipa uma tendência para o futuro em termos de geração distribuída de energia elétrica. Ao representar o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry, na abertura do Fórum, o diretor da Federação e coordenador do Coinfra, Ricardo Portella, destacou as oportunidades que a geração distribuída por fontes renováveis, a partir do fomento de novos projetos, representa para a indústria no Estado. O Rio Grande do Sul fica atrás apenas de Minas Gerais e São Paulo em número de conexões com geração distribuída no Brasil.

Os secretários de Minas e Energia, Artur Lemos Júnior; do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Ana Pellini; e adjunto do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Evandro Fontana; participaram da plenária Políticas Públicas (RS) de Estímulo a Novos Projetos. Eles apresentaram as iniciativas de cada uma das três pastas para ajudar a incrementar o lançamento de empreendimentos voltados para o setor no Rio Grande do Sul, como os programas Invest RS, Desenvolve RS e RS Gás.
A denominação de Geração Distribuída de Energia tem sido a forma como o mercado se refere ao uso cada vez mais intenso de tecnologias que permitem ao usuário produzir o próprio insumo. O Ministério de Minas e Energia prevê que, até o ano de 2030, 2,7 milhões de unidades consumidoras poderão gerar sua própria energia de forma total ou parcial no Brasil. Isso pode representar que indústrias, residências, comércios e propriedades rurais produzam 23.500 MW de energia limpa e renovável, o equivalente à metade do que é gerado atualmente pela Usina Hidrelétrica de Itaipu. Do ponto de vista ambiental, além das fontes serem renováveis, o Brasil pode evitar que sejam emitidos 29 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera.
 
    No painel sobre as startups e a geração de energia a partir de fontes sustentáveis, o diretor da Nós Coworking, Walter Massa, destacou o espaço Powerhouse, na Califórnia,  que reúne centenas de startups focadas exclusivamente em desenvolver soluções para a energia – algo que, no Brasil, ainda não acontece. Já o presidente da Rede Gaúcha de Incubadoras de Empresas e Parques Teconlógicos (Reginp), Márcio Machado, ressaltou que os parques tecnológicos trabalham muito conforme a demanda de pesquisa. “Se houver uma necessidade de pesquisa, recursos de investimento nessa área, eu tenho certeza que pesquisadores não faltarão nas universidades para se dedicarem ao tema. Esse é o papel do parque tecnológico, potencializar a pesquisa aplicada a um problema real para gerar inovação”, afirmou.
 
    CASOS PRÁTICOS – Também foram apresentados cases de empresas que atuam nessa área. O projeto da Fockink em parceria com a Creluz, batizado de Usina Solar Boa Vista, está em funcionamento há exato um ano na cidade gaúcha de Boa Vista das Missões e gera energia de fonte fotovoltaica, que abrange 1.200 residências da região. O gerente de energias alternativas da Fockink, Marco Weirich, destaca que o custo desse tipo de geração vem se tornando cada vez mais acessível. "O valor definido para o projeto, hoje, poderia produzir o dobro de energia. Esperamos que esse seja um estímulo para o aumento dos investimentos no segmento", informa Weirich.
 
Já a Vinícola Guatambu, de Dom Pedrito, é a única agroindústria da América Latina a ter seu funcionamento 100% por meio de energia solar gerada pela própria empresa. O diretor-proprietário da vinícola, Valter José Pötter, lembra que o projeto levou cinco anos entre pesquisa e conclusão e, atualmente, promove uma economia de 75% nos custos diretos de energia. "Hoje, são 600 placas solares com capacidade para produzir nossa energia sem emissão de poluentes", comemora. No evento, a empresa recebeu o “Selo Solar”, reconhecimento concedido pelo Instituto Ideal e pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) para instituições públicas e privadas que têm pelo menos 50% do seu consumo de eletricidade vindo de fonte solar.

O I Fórum de Geração Distribuída de Energia com Fontes Renováveis no RS foi uma promoção da FIERGS – por meio dos Conselhos de Infraestrutura e de Inovação e Tecnologia (Citec), e do Instituto Senai de Tecnologia em Petróleo, Gás e Energia –, do governo do Estado e do Sebrae-RS.
 

Crédito foto: Dudu Leal

 

 

Publicado Terça-feira, 15 de Agosto de 2017 - 17h17

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